sábado, 20 de novembro de 2021

O Reino de Gana

 

Gana foi um dos maiores impérios formados no continente africano que se desenvolveu
para fora das regiões litorâneas ou da África muçulmana. Sua área correspondia às
atuais regiões de Mali e da Mauritânia, fazendo divisa com o imenso deserto do Saara.
Desde já, percebemos a instigante história de um reino que prosperou mesmo não
possuindo saídas para o mar e estando próximo a uma região considerada
economicamente inviável.



As dificuldades geográficas explícitas da região começaram a ser superadas quando as
populações da África Subsaariana (ou África negra) passaram a ter contato com a
porção norte do continente. Graças à domesticação do camelo, foi possível que
comunidades pastoris próximas do Deserto do Saara começassem a empreender novas
atividades econômicas. Nas épocas de seca, os pastores berberes deslocavam-se para a
região do Sael para realizar trocas comerciais com os povos da região.
Entre essas populações se destacavam os soniquês, que ocupavam uma região próxima
às margens dos rios Senegal e Níger. Esse povo começou a se organizar em
comunidades agricultoras estáveis que se uniram, principalmente, por conta dos ataques
de tribos nômades. A região que era rica em ouro aliou sua produção agrícola ao
comércio na região para empreender a formação do Reino de Gana. Dessa forma,
estabelecia-se uma monarquia no interior da África.

Sua organização política é motivo de controvérsia entre os historiadores que estudam o
assunto. Mesmo possuindo um amplo território e uma organização política típica dos

governos imperiais, Gana não possuía uma cultura militarizada ou expansionista. O
Estado era mantido através de um eficiente sistema de cobrança de impostos localizados
nos principais entrepostos comerciais de um território não muito bem definido.
A economia comercial de Gana atingiu seu auge no século VIII, ao interligar as regiões
do Norte da África, Egito e Sudão. Entre os principais produtos comercializados
estavam o sal, tecidos, cavalos, tâmaras, escravos e ouro. Esses dois últimos itens eram
de fundamental importância para a expansão econômica do reino de Gana e o
considerável aumento da força de trabalho disponível. Entre os mais importantes centros
urbano-comerciais desse período destacamos a cidade de Bambuque.

O ouro era escoado principalmente para a região do Mar Mediterrâneo, onde os árabes
utilizavam na cunhagem de moedas. Para controlar as regiões de exploração aurífera, o
rei era responsável direto pelo controle produtivo. Para proteger a região aurífera, o uso
de lendas sobre criaturas fantásticas era utilizado para afastar a cobiça de outros povos.
O sal também tinha grande valor mediante sua importância para a conservação de
alimentos e a retenção de líquido para os povos que vagueavam no deserto.

O reino de Gana começou a sentir os primeiros sinais de sua crise com o esgotamento
das minas de ouro que sustentavam a sua economia. Além disso, após o século VIII, a
expansão islâmica ameaçou a estrutura centralizada do governo. Os chamados
almorávidas teriam empreendido os conflitos que, em nome de Alá, desestruturaram o
Reino de Gana. A partir de então, os reinos de Mali, Sosso e Songai disputariam a
região.